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Embrapa vai clonar araucária gigante que caiu no Paraná

por Revista Oeste - Agronegocio
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No fim de outubro, o Paraná perdeu a maior araucária do Estado. A árvore, de 42 metros de altura, circunferência de mais de 6 metros e idade estimada em mais de 750 anos, não resistiu às fortes chuvas que assolaram a região nas últimas semanas, e caiu. Ela ficava em uma propriedade rural, em Cruz Machado, e agora será clonada pela Embrapa Florestas.

O trabalho de resgate genético da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já começou. Os pesquisadores pretendem clonar a araucária por meio de uma técnica de enxertia e, assim, possibilitar o plantio de árvores geneticamente idênticas à gigante que caiu.

A enxertia é a associação íntima entre duas partes de diferentes plantas, que continuam seu crescimento como um ser único.

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De acordo com os pesquisadores, os clones não chegarão ao tamanho da árvore original, porque os brotos coletados são maduros | Foto: Divulgação/Embrapa Florestas/Katia Pichelli

A árvore gigante era um símbolo do Paraná e recebia muitas visitas de turistas. O secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Cruz Machado, Silmar Kazenoh, ressaltou a importância do trabalho da Embrapa. “O trabalho de enxertia será importante para termos clones deste material”, disse

Nesta segunda-feira, 6, o pesquisador Ivar Wendling esteve na propriedade e coletou brotos para realizar o procedimento. Ocorreu também a coleta de material, para o Laboratório de Micropropagação da empresa realizar estudos sobre a viabilidade da clonagem in vitro.

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“O impacto de ver uma gigante destas caída é muito grande”, disse o pesquisador. “Mas fico feliz em podermos estudar melhor a árvore e realizar sua clonagem.”

Wendling explicou que a técnica é “simples”, mas exige acesso a brotos da copa, que podem originar os chamados enxertos “de galho” ou “de tronco”.

O pesquisador acrescentou que a araucária é a única árvore do Brasil que tem galho e tronco separados com muita clareza, impactando no resultado da clonagem. “Dependendo de onde tiramos o broto, teremos diferentes características da planta que vai surgir”, disse.

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Com 42 metros de altura, a araucária gigante era uma estrela do Paraná e, frequentemente, visitada por turistas | Foto: Divulgação/Secretaria de Turismo de Cruz Machado

Os pesquisadores, porém, ainda não sabem dizer se os brotos serão viáveis para os enxertos serem bem-sucedidos. Dando certo, em breve, a Embrapa pretende levar diversas mudas para a dona da propriedade onde ficava a araucária caída e para a Prefeitura de Cruz Machado.

A araucária de galho dará origem a uma “mini araucária”, que vai chegar a, no máximo, 3 a 5 metros de altura. “Como esta árvore é fêmea, teremos mini araucárias que produzem pinhões”, contou o pesquisador. “E seus pinhões vão dar origem a árvores normais.”

De acordo com Wendling, os clones não chegarão ao tamanho da árvore original porque os brotos coletados são maduros. Porém, a genética vai permanecer a mesma.

Uma senhora ativa

Mesmo com a idade e a altura fora do comum, a araucária gigante de Cruz Machado estava bastante ativa. “Ao chegarmos ao local, nos deparamos com inflorescências e pinhas em formação”, contou Wendling.

O pesquisador explicou que esses fatores indicaram se tratar de uma árvore ainda em idade reprodutiva, apesar de seu tronco estar completamente oco, o que “impedirá a retirada de discos de madeira e a efetiva contagem de anos da árvore pelo Laboratório de Dendrocronologia da Embrapa Florestas”.

Se estava oca, como a árvore continuava produtiva?

Wendling contou que o tronco de uma árvore serve para a sua sustentação, portanto, como estava oco, provavelmente, foi a razão de ela ter caído com o impacto das chuvas; ao passo que a seiva, que alimenta a árvore, corre muito próxima à casca. Por isso, ela seguia produtiva.

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